Rigoroso, Diniz explica “esporro” em zagueiro e vê ato como prova de confiança 3w5y4q

Arena Barueri, 5 de fevereiro de 2017. Trinta minutos do primeiro tempo. Ao apito do árbitro que determina o início da parada técnica soma-se uma bronca histórica, que chama a atenção e constrange quem está por perto. Fora de si, Fernando Diniz ignora as câmeras, põe o dedo em riste e dá um “esporro” homérico no zagueiro André Castro, que acaba de falhar em um gol do São Paulo. Xingamentos e gritos de “fica quieto” alternam-se a instruções intensas, que chocam os presentes.
Mas o técnico do Audax é assim. Rigoroso, exigente, perfeccionista. E os jogadores sabem disto. Em entrevista exclusiva a Flavio Prado que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan, Fernando Diniz abriu o coração e explicou o que o levou a repreender o capitão do time de Osasco em tom tão elevado na partida contra o São Paulo, pela primeira rodada do Campeonato Paulista.
Formado em psicologia, Diniz cobrou uma visão mais ampla sobre o fato. E o classificou como um exemplo daquilo que considera ser o mais importante para o trabalho de um treinador: a relação de confiança com os jogadores. “Para quem está de fora, a crítica na maioria das vezes vem de uma forma superficial. Mas o que está por trás daquilo que é o importante. E ninguém gosta de investigar“, filosofou o comandante do Audax.
“Para você fazer aquilo com um jogador e ele aceitar, é porque há uma estrutura relacional muito forte, e é isso o que me interessa. Tenho convicção plena de que estou apenas prestando um serviço humano de qualidade para o atleta. Quero simplesmente que ele evolua e consiga tomar conta do time, tanto que ele é o capitão. Vejo evolução no André desde o momento que o conheci“, acrescentou.
Fernando Diniz não se incomoda com a fama de “ditador” – o que importa é que os jogadores não o interpretem mal. O tom elevado nas broncas e o exagero nas cobranças fazem parte de uma forma de trabalho minuciosamente pensada pelo técnico do Audax – definitivamente, um ponto fora da curva nos tempos do politicamente correto.
“Quando tem que ser concreto, tem que ser concreto. Não adianta apenas falar em bases filosóficas. O futebol é um meio muito imediatista, para ontem. E o resultado está acima de tudo o tempo todo. Você precisa estar atento a isto“, justificou.
“É claro que o resultado não é tudo para mim, mas, às vezes, um descuido por uma falta de atenção custa um campeonato, um emprego… O futebol é uma coisa muita séria, e eu estou sempre tentando proteger o jogador, seja para o presente, seja para o futuro. Eu às vezes tenho uma condução um pouco mais rigorosa, mas, para mim, isso é um facilitador para poder implantar o meu trabalho e ajudar os atletas”, finalizou.
O rigoroso Fernando Diniz volta à ativa no próximo sábado, às 17h (de Brasília), contra o Ituano, no Estádio José Liberatti. Atual vice-campeão paulista, o Audax é o lanterna do Grupo D do Estadual, com quatro pontos – o primeiro colocado da chave é o Mirassol, com 13.
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